20 de abril de 2011

Ausência


O som deste silêncio é ensurdecerdor,
Se infiltra pelas frestas deste quarto,
Se alastra por todos os cômodos,
Abre suas asas negras sobre nosso jardim,
Mata nossas flores,
Nossos planos.
Silenciosamente murmura coisas que não quero ouvir,
Envenena,
Asfixia,
Magoa.
Grito pela casa,
Quebro pratos,
Esmurro as portas,
Mas ele sussurra sem cessar,
Que você se foi.

19 de abril de 2011

Devastação


Desvirginei estas palavras,
Como a dor daquele primeiro amor,
Tomei desta solidão,
Com a sofreguidão dos sedentos,
Desfrutei desta escuridão
Que se alastra em mim como a noite
Rasgando madrugada adentro.
Chorei de você, por você, sem você, para você
até secar a fonte.
Lambi minhas feridas,
Invoquei o mal e te amaldiçoei.
Roubo sua voz, seu sêmen e  seus sonhos
Apago seus rastros, seu cheiro e seu gosto.
Renasço alva, melíflua e livre
Forjada no aço líquido
Do nosso fim.

18 de abril de 2011

A tua semente


Você apareceu
Com o som de mil céus desabando,
Como minha língua no céu de sua boca
Palatando seu sabor de chuva e sal.
E eu me rendi facilmente
Indiferente ao seu olhar perigoso
E eu me deixei levar
Levianamente
lisérgicamente
Em seus cabelos desalinhados
Lobo lúbrico,
Láudano destes dias sem luz,
Eu bebo a vida, semente que você derrama em mim.
 

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